Queridos paroquianas e paroquianos do Senhor Bom Jesus da Vila de Rabo de Peixe,
Desde o início de setembro de 2022 que caminho nesta comunidade, na fé, na esperança e na caridade, virtudes centrais que deverão pautar toda a nossa oração e atividade pastoral e paroquial.
Agradeço o acolhimento que me têm dado. Quero, com todos, ser um de vós.
Venho com o projeto da pessoa de Jesus, dizível, para mim, no imediato, nesta expressão de Rui Chafes: «Para mim, a questão que se continua a colocar é saber como vamos reconstruir a catedral». Saídos de uma pandemia que nos alterou hábitos, a forma de viver e de expressar a nossa Fé e, depois de um ano de alguma incerteza, sem pastor nesta paróquia, agravada, ainda, pela Sede vacante que vivemos em Angra, venho, eu, nomeado apenas por um ano como Administrador Paroquial, com o intuito de congregar e fazer o melhor possível durante este tempo. Venho para tentar reconstruir o possível, tentar construir o novo de Deus, guardando o belo depósito vivencial de fé que aqui encontro.
Esta comunidade, desde o início da Vila de Ribeira Grande, constituiu, per si, uma bela e duradoura identidade, seja pelo trabalho e cultivo da terra, seja pela aventura de tantas companhas, de tantos pescadores – famílias inteiras – que aqui estabeleceram e estabelecem a sua vocação para o mar, que, num provérbio latino, se diz que nos ensina a orar.
De entre tantas catástrofes que se abateram sobre esta ilha de São Miguel, desde o seu povoamento, passam neste outubro de 2022, mais concretamente no dia 22, 500 anos do arrasamento de Vila Franca do Campo, antiga Capital desta Ilha do Arcanjo. Fez este cataclismo também ruir boa parte do Templo desta Comunidade do Bom Jesus de Rabo de Peixe. Isto, para dizer que a nossa comunidade, depois de ter construído a sua primitiva Igreja – nos nossos dias conhecida por Ermida da Senhora do Rosário – já havia construído um templo semelhante ao atual, na mesma localização junto ao mar, trazendo este facto informação, mais que suficiente, para afirmarmos a importância, tenacidade e antiguidade da nossa fé no Senhor Bom Jesus, acompanhado pela invocação de Maria, Senhora do Rosário, comumente invocada em tempos de pestes, guerras, fomes e catástrofes.
Muito além das necessidades de conservação, restauro e obras de melhoramento que se tornam urgentes nos nossos templos, a urgente reconstrução da verdadeira Catedral será a nossa própria reconstrução, a reconstrução de todos e de cada um, enquanto indivíduos, filhas e filhos de Deus, mas também enquanto comunidade e famílias.
Se desejarem, destas ruínas (da catedral) que parecem sobejar, todos juntos podemos continuar a criar uma casa de Deus, uma casa de Deus com as pessoas.
Neste projeto cabemos todos e, com Deus, todos temos um espaço e uma missão.
Deus esteja connosco!
Abraço,
Padre Nuno